A própria câmera de segurança do veículo do acusado registrou o momento em que ele ultrapassou o sinal vermelho em alta velocidade e provocou a batida. Ruan Macário acusado no caso Kelton Marques Reprodução/Arquivo Pessoal Ruan Ferreira de Oliveira, acusado de atropelar e matar o motoboy Kelton Marques, afirmou nesta segunda-feira (18), durante seu interrogatório no júri popular, que não sabia que estava em alta velocidade no momento da colisão. A câmera do carro registrou quando ele ultrapassou o sinal vermelho a 163 km/h e provocou a batida. O julgamento de Ruan Macário, como o acusado é mais conhecido, está acontecendo no Fórum Criminal de João Pessoa, mas ele participa de forma virtual em Catolé do Rocha, Sertão da Paraíba.O interrogatório de Ruan Macário aconteceu por volta das 12h, após ouvirem a irmã do motoboy e a mãe do vendedor.Veja momento em que carro bate em motoqueiro a 163km/h em João PessoaA irmã de Kelton Marques foi a primeira testemunha interrogada e contou sobre a cena que encontrou no local do crime. Segundo Camila Marques, ela chegou às 5h20 no local da colisão e encontrou o irmão morto. Ela recebeu pertences dele, além da câmera do carro de Ruan Macário. Segundo ela, Kelton trabalhava fazendo entregas e tinha acabado de fazer a última. Motoboy morre em acidente depois de ser atingido por carro em cruzamento, em João PessoaDurante o interrogatório, Ruan Macário afirmou que deixou uma conveniência em direção à BR-230, quando teve a sensação que estava sendo perseguido e resolveu seguir para o retão de Manaíra. Em audiência de instrução em novembro de 2022, o acusado confessou que ingeriu bebidas alcoólicas após tomar remédios para ansiedade, o que provocou a direção em alta velocidade. No julgamento desta segunda-feira, ele afirmou que se automedicava. "Eu não sabia nem onde estava. Eu procurei a BR-230 pra me localizar. Quando eu peguei a BR tive a sensação de estar sendo seguido e tentei me distanciar. Quando peguei a BR achei a entrada do Retão de Manaíra. Não lembro da hora do acidente", afirmou. Segundo Ruan Macário, ele não sabia que estava em alta velocidade e não identificou no que havia batido. Ele afirmou que ficou foragido porque estava sofrendo ameaças junto com a família. Durante o interrogatório, ele pediu desculpas à família de Kelton Marques. "Gostaria de pedir perdão, especialmente para as filhas dele. Eu jamais gostaria de fazer isso", afirmou. Ruan Macário também esclareceu qual sua profissão durante o julgamento. Até então, ele era tratado como empresário, mas afirmou que era vendedor e representante de uma fábrica de alumínio e de calçados.Vídeo do crimeImagens do carro do motorista foram divulgadas à imprensa, onde foi possível perceber que além de estar a 163 km/h, o sinal vermelho foi ultrapassado. Quando o vídeo é iniciado, o motorista está perto de 90 km/h, mas em velocidade ascendente. Ele chega a ultrapassar os 150 km/h antes de reduzir a velocidade por causa de uma lombada eletrônica.Mais a frente, ele volta a acelerar. Mesmo quando entra na rua mais estreita, de acesso para a avenida Tancredo Neves, ele chega a quase 140 km/h. O motorista então entra na Tancredo, em direção ao Centro, mas com a intenção de fazer o retorno para ir em direção à praia. Inclusive, ele está a mais de 90 km/h quando tenta fazer o retorno. Não segura o carro e chega a rodar na pista.É quando ele volta a acelerar e retoma a alta velocidade. A partir daí não para mais de reduzir a velocidade. Vai pela Tancredo Neves, passa por baixo do viaduto, entra no Retão e segue acelerando cada vez mais. Chega a 163 km/h quando ultrapassa o semáforo vermelho e bate no motorista. O vídeo é encerrado neste momento.Entenda o casoO entregador Kelton Marques morreu após ser atingido por um carro em alta velocidade, no Retão de Manaíra. Moradores da região afirmaram que a colisão aconteceu por volta das 4h da manhã. Ruan Macário é acusado de dirigir o veículo envolvido no acidente e fugir do local, sem prestar socorro. Após 10 meses foragido, Ruan Macário se apresentou à polícia na presença do advogado. O mandado de prisão preventiva que estava em aberto contra ele foi cumprido imediatamente. Ele foi interrogado pelo delegado Miroslav Alencar, mas ficou em silêncio e responderá apenas em juízo. Em seguida, foi encaminhado para o presídio de Catolé do Rocha.No dia do acidente, a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada, mas quando chegou a vítima já estava sem vida.Kelton Marques tinha 33 anos, duas filhas e morava em Santa Rita. Ele trabalhava em um restaurante que atendia nas madrugadas, e na hora do acidente já tinha terminado as entregas do dia e voltava para casa.Família de Kelton Marques, motoboy morto em acidente causado por motorista que dirigia a 163 km/h no momento da batidaKamila Marques/Arquivo pessoalCom o impacto, a vítima chegou a ser arremessada e a motocicleta teve destruição total. O carro ficou parcialmente destruído.De acordo com o delegado do caso, Luiz Eduardo, latas de cerveja e substâncias entorpecentes estavam espalhadas pelo carro do motorista.Com o impacto, o motoboy Kelton Marques morreu no local, e a moto ficou totalmente destruída. Reprodução/TV Cabo BrancoO acidente aconteceu no sentido que vai para a orla da capital, quando o condutor do carro passava pela Flávio Ribeiro e o motociclista cruzava pela Mirian Barreto. A força do impacto chegou a derrubar o muro de um residencial que fica no local.Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba