Jovem que denunciou motorista por aplicativo por importunação sexual cria grupo para unir possíveis vítimas

Motorista afirma que tem boas avaliações e sempre respeitou os passageiros. João Alves realizou um BO contra a vítima por calúnia. Jovem que denunciou motorista por aplicativo por importunação sexual cria grupo para unir possíveis vítimas.

Reprodução/TV Cabo Branco

A estudante Marina Félix, vítima de importunação sexual por motorista de carro por aplicativo em João Pessoa, na última sexta-feira (26), publicou nas redes sociais a situação que passou, e seu vídeo encorajou outras vítimas a denunciarem o suspeito. "Publiquei para que outras mulheres peguem o aplicativo e não passem pelo que passei", afirmou Marina.

Marina também criou um grupo em um aplicativo de mensagens com outras vítimas que se dispuseram a denunciar o motorista. Segundo a estudante, o grupo já possui 17 vítimas, mas nem todas chegaram a registrar a denúncia. Até o momento, sete mulheres realizaram denúncia e seis foram ouvidas pela Polícia Civil.

A vítima relatou em entrevista à TV Cabo Branco, que na sexta-feira (22) estava indo para a manicure, quando solicitou uma corrida em um aplicativo e o motorista designado foi João Alves. Ela sentou no banco atrás do passageiro, ele abaixou todo o assento para frente e fechou os vidros.

Segundo a vítima, o motorista tocou seu tornozelo, fazia perguntas olhando para os seus seios e pernas, além de perguntar quais lugares ela gostava de frequentar. A estudante permaneceu calada e se refugiou próximo a porta.

"Não peguei o celular para falar com ninguém porque fiquei com medo da reação dele, com medo dele fazer algo comigo", afirmou Marina Félix.

Quando chegou ao destino, ela explica que pagou a corrida e desceu do carro nervosa. Entrou na manicure chorando e contou o que aconteceu: "sofri um assédio".

A vítima capturou a tela do celular com as informações do motorista e gravou um vídeo denunciando o assédio nas redes sociais. A estudante afirmou que nunca havia passado por uma situação semelhante com outros motoristas de aplicativo e, segundo ela, decidiu denunciar para que outras não passassem pelo mesmo constrangimento.

Marina Félix afirmou que depois da denúncia nas redes sociais foi atacada por outras mulheres, acusada de mentir e querer ganhar algo com a exposição.

"Eu não tenho nada a ganhar com isso. Faz cinco dias que eu não como, tenho pesadelo com ele me pegando e não consigo dormir", afirmou a vítima.

Mulheres denunciam motorista de carro por aplicativo de João Pessoa por assédio

Outras vítimas

Uma outra vítima, que não quis se identificar, também registrou boletim de ocorrência. Ela explica que há cerca de seis anos, quando ela tinha entre 16 e 17 anos, o mesmo homem a perseguiu e tentou sequestrá-la. Segundo a jovem, ela era assediada no caminho e na volta da escola. O motorista também descobriu onde ela morava e sempre passava em frente.

Segundo a vítima, o suspeito tentou sequestrá-la quando ela foi buscar a irmã na escola, mas uma pessoa percebeu a ação e ela correu para dentro do prédio. A jovem precisou ligar e pedir para que a mãe e um tio a buscassem no local.

Depois do ocorrido, a mãe e seu pai foram até a casa do suspeito, mas ele mandou os dois embora porque seus pais estariam doentes. Segundo a estudante, ela não voltou a ser perseguida pelo homem e só voltou a ter informações sobre o homem quando Marina Félix denunciou nas redes sociais. O vídeo gravado por Marina incentivou a jovem a registrar o boletim de ocorrência.

"Eu só espero que a Justiça seja feita por todas nós", afirmou.

O que diz a defesa

A defesa do suspeito afirma que recebeu com tranquilidade as denúncias e as notícias contra o motorista João Alves. O advogado informou que o cliente nega todas as acusações e está disposto a colaborar com as investigações e comparecerá a todos os atos quando for intimado.

O motorista João Alves publicou um vídeo nas redes sociais, informando que quando soube que sua imagem estava circulando, foi até a Central de Polícia para realizar um boletim de ocorrência por calúnia. Segundo ele, a divulgação estava colocando sua vida em risco.

"Quase 4 anos como motorista, tenho boa avaliação e respeito todos os meus passageiros porque eu dependo do aplicativo", explicou o motorista.

Motorista de carro por aplicativo em João Pessoa suspeito de importunação grava vídeo se pronunciando.

Reprodução/Redes Sociais

A empresa 99 foi procurada pela TV Cabo Branco, e informou que está verificando o caso, mas até a publicação desta matéria não se pronunciou sobre o assunto.

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