Dia Mundial da Tartaruga Marinha: entenda como funciona cesárea e condução adequada ao mar

Filhotes inúmeras vezes seguem em direção ao asfalto após o nascimento e morrem atropelados, desidratados ou predados. Voluntários monitoram diariamente os ninhos para conduzir os filhotes até o mar. Tartarugas são acompanhadas nos ninhos até o nascimento realizado por cesárea, na Paraíba

Associação Guajiru / Divulgação

Pelo menos 19 mil tartarugas urbanas nascem de dezembro a janeiro, todos os anos, no litoral de João Pessoa. Os ninhos geralmente são encontrados nas areias das praias dos bairros Jardim Oceania, Bessa, Intermares e Ponta de Campina, com cerca de 100 filhotes cada. Voluntários monitoram diariamente esses espaços até que o nascimento seja feito de forma correta, e as tartarugas sejam conduzidas até o mar. Nesta quinta-feira (16), é comemorado o Dia Mundial da Tartaruga Marinha.

Segundo Danielle Siqueira Barrêto, presidente da Associação Guajiru, o acompanhamento desses ninhos é necessário porque os filhotes inúmeras vezes acabam por se desorientar com a iluminação artificial, e seguem o trajeto contrário ao que seria natural, ou seja, ao invés de seguirem em direção ao mar, seguem em direção ao asfalto, morrendo atropelados, desidratados ou predados.

Dessa forma, todos os dias, durante o período reprodutivo é realizado o monitoramento de aproximadamente 10 quilômetros de praia, para que sejam identificados e acompanhados os ninhos de tartarugas marinhas, até o momento da eclosão.

Como funciona a cesárea

Tartarugas são retiradas dos ninhos e soltas à beira-mar

Associação Guajiru / Divulgação

O período reprodutivo das tartarugas urbanas é de dezembro a junho, anualmente. Quando os ninhos são identificados, os voluntários esperam 50 dias e, passado esse período, começam a observar os ninhos.

Conforme Danielle, os próprios filhotes saem dos ovos e começam o processo de saída do ninho.

"Aguardamos até o dia que eles iriam sair por conta própria do ninho e fazemos a abertura com as mãos, para que os mesmos não acabem desorientados pela iluminação artificial", relatou.

O natural seria que, após quatro dias de terem saído dos ovos, as tartarugas saírem do ninho durante a noite e seguirem a luz da lua em direção ao mar, no entanto, como essas praias são urbanizadas, a tendência é que os animais sigam a luz elétrica da cidade e acabem morrendo.

Por essa razão, com base no acompanhamento feito, um horário é estabelecido durante a tarde para que o ninho seja aberto, essas tartarugas possam sair e, sob os cuidados de voluntários, irem em direção ao mar.

Tartarugas sendo retiradas do ninho por 'cesárea' de voluntários

Associação Guajiru / Divulgação

A Associação Guajiru divulga, inclusive, os dias de nascimento, nas redes sociais, para que as pessoas possam acompanhar todo o processo.

Nesta quinta-feira (16) foi realizada uma soltura de tartarugas na Praia da Baía da Traição (veja no vídeo abaixo).

Crianças contam enquanto voluntários realizam cesárea de tartarugas, em João Pessoa

A cada 1 mil tartarugas, apenas 1 ou 2 sobrevivem

Danielle contou que as tartarugas cumprem um papel muito importante na cadeia alimentar. Dessa forma, apesar das dezenas de filhotes nascerem em cada ninho, apenas 1 ou 2 sobrevivem a cada 1 mil.

"É triste pra gente, mas é o que mantém o ecosssitema equilibrado", contou.

Outro problema que afeta a longevidade das tartarugas, segundo a bióloga, é a poluição. Tartarugas jovens, com 10 a 15 anos de vida, morrem enroscadas em redes de pesca ou ingerindo resíduos.

Por essa razão, a Associação Guajiru destaca-se principalmente pelo trabalho de conservação das tartarugas marinhas.

As áreas acompanhadas pelos voluntários são as praias em torno do Mag Shopping, até Ponta de Campina, além da Prainha e Aldeia Akajutibiró, em Baía da traição.

Tartaruga retiradas do ninho em direção ao mar

Associação Guajiru / Divulgação

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