De janeiro a dezembro de 2022, 85 mulheres foram vítimas de crimes letais intencionais em toda Paraíba. Do total, 24 casos estão sendo investigados como feminicídios. Monitor da violência - feminicídioEditoria de Arte/G1Um total de 85 mulheres foram mortas, vítimas de crimes letais intencionais, na Paraíba de janeiro a dezembro do ano passado. Deste total, 24 casos estão sendo investigados como feminicídio — 28% dos assassinatos de mulheres no estado. Em média, sete mulheres foram mortas por mês em 2022, conforme dados da Secretaria de Estado de Segurança e Defesa Social solicitados pelo g1.Os dados também mostram que 55 casos de mulheres vítimas de crimes dolosos. Além disso, cinco mulheres morreram por latrocínio, quando acontece o roubo seguido de morte, e outra por lesão corporal seguida de morte.De acordo com o Núcleo de Análise Criminal e Estatística, em relação a todo o ano de 2021, 83 mulheres foram mortas vítimas de crimes letais intencionais, ou seja, o número de casos aumentou cerca de 2,4% em 2022. Em relação ao assassinato de mulheres na Paraíba, o mês mais violento de 2022 foi o de abril, quando 16 mulheres foram mortas.Casos de feminicídios aumentam em 2022O g1 acompanha os números de feminicídios, mês a mês, desde 2019. Após a liberação dos dados mensalmente, as investigações seguem. Portanto, no balanço anual, alguns casos que antes estavam sendo investigados como feminicídios podem ganhar outra linha investigativa.Conforme a lei nº 13.104 data o dia 9 de março de 2015, assinada pela então presidenta Dilma Rousseff, feminicídio é o assassinato de uma mulher cometido devido ao fato de ela ser mulher ou em decorrência de violência doméstica. Foi inserido no Código Penal como uma qualificação do crime de homicídio e é considerado crime hediondo, sendo entendido como um crime contra a mulher por razões da condição do sexo feminino.Em 2022, uma média de duas mulheres foram mortas por mês, totalizando 24 feminicídios na Paraíba. Nesta tipificação, abril também se mostrou o mês mais violento, com seis casos registrados. Futuro interrompidoUm dos casos que marcou 2022 foi a morte da estudante de medicina Mariana Thomaz, de 25 anos. Ela foi encontrada com sinais de estrangulamento em um apartamento, na orla do Cabo Branco, em João Pessoa. Mariana morava há três anos na capital paraibana, onde estudava medicina. O acusado de matar e estuprar a jovem, o empresário Johannes Dudeck, já tinha outras três acusações pela Lei Maria da Penha por agredir três mulheres diferentes. Eles estavam se relacionando há apenas um mês quando Mariana foi morta.Dudeck vai a júri popular, mas a data ainda não foi divulgada.Mariana Thomaz foi morta por esganadura por Johannes Dudeck, que já tinha três processos abertos com base na Lei Maria da PenhaReprodução/Redes sociaisAssassino de Mariana acumulava processos de violência contra a mulherDudeck já tinha processos por violência doméstica e estelionato envolvendo sua empresa, além de uma investigação em andamento por um suposto golpe milionário. Eram três acusações somente pela Lei Maria da Penha, contra três vítimas diferentes.O primeiro caso público é relativo aos crimes de ameaça e lesão corporal, contra duas mulheres e um homem, que aconteceram em janeiro de 2020. As vítimas contaram à polícia que Johannes teria invadido a clínica de uma das vítimas agredido uma funcionária do local e o homem, e ameaçado a companheira dele. Segundo as vítimas, isso se deu após a mulher ameaçada e o homem agredido terem cobrado do empresário o cumprimento de uma prestação de serviços de porcelanato na residência do casal.Johannes Dudeck, acusado de matar a estudante de medicina Mariana Thomaz, em João PessoaReprodução/TV Cabo BrancoEm setembro de 2020, Johannes foi preso por descumprimento de medida protetiva e indícios graves de violência doméstica. A mulher com quem ele se relacionava já tinha feito denúncias contra o empresário e tinha uma medida protetiva que exigia que ele se mantivesse numa distância segura.Após agressões, ameaças e insatisfeito com o fim do relacionamento, ele chegou a enviar uma encomenda para casa da vítima com uma prótese de borracha que replica os moldes de um pênis, junto a um bilhete com o nome da mulher. Ainda constam na sua ficha dois casos de violência doméstica, um em 2013 (arquivado em 2017) e um de 2017 (arquivado em 2018). Ambos estão em segredo de Justiça.Lei Mariana ThomazDepois da repercussão da morte de Mariana, a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) aprovou na um projeto de lei que facilita a divulgação, por parte das instituições de assistência e proteção à mulher, dos locais onde podem ser consultados os antecedentes criminais de terceiros. Assembleia Legislativa da ParaíbaALPB / DivulgaçãoA lei estabelece que as instituições estaduais direcionadas à assistência e acompanhamento às mulheres devem promover, em seus espaços e materiais próprios, a divulgação dos sites e demais locais de consulta sobre os antecedentes criminais de terceiros.Como denunciar violência contra a mulherDenúncias de estupros, tentativas de feminicídios, feminicídios e outros tipos de violência contra a mulher podem ser feitas por meio de três telefones:197 (Disque Denúncia da Polícia Civil)180 (Central de Atendimento à Mulher)190 (Disque Denúncia da Polícia Militar - em casos de emergência)Além disso, na Paraíba o aplicativo SOS Mulher PB está disponível para celulares com sistemas operacionais Android e IOS e tem diversos recursos, como a denúncia via telefone pelo 180, por formulário e e-mail.As informações são enviadas diretamente para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, que fica encarregado de providenciar as investigações.Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba