O valor da desapropriação, a ser pago pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), ainda não está definido. Cabe ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária apresentar a nova proposta de quantia a ser destinada.Ministério Público FederalA Justiça Federal na Paraíba (JFPB) realizou duas audiências de conciliação, na segunda (20) e terça-feira (21), que resultaram na resolução de um conflito agrário que perdurava desde 2010, em uma área rural localizada entre os municípios de Monteiro e Camalaú, no Cariri paraibano. No local, há cerca de 40 famílias assentadas. O acordo foi divulgado nesta quarta-feira (22). A ação de desapropriação rural foi proposta pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para instituir o Assentamento Xique-Xique na propriedade denominada Moconha, originariamente pertencente à Tamoyo Frigoríficos Reunidos S/A. Ao final, a ação foi julgada improcedente.O Ministério Público Federal esteve nessa segunda (20) e terça (21) no assentamento, na zona rural de Monteiro, no Cariri.Ministério Público FederalApós duas sessões de conciliação, ficou definido que o imóvel vai ter uma desapropriação indireta. “O acordo pacífico traz segurança jurídica para as famílias assentadas (Assentamento Xique-Xique), remanescendo apenas uma discussão quanto aos valores que serão pagos pela desapropriação”, explicou o juiz federal Fernando Porto, ao acrescentar que caberá ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária apresentar a nova proposta de quantia a ser destinada.Inspeção judicial As famílias assentadas nas terras foram ouvidas e demonstraram as atividades que desenvolvem na região.Ministério Público FederalAntes das audiências de conciliação, na última segunda-feira (20) foi realizada inspeção judicial na área da fazenda. Participaram do ato o juiz federal Fernando Porto, acompanhado por representantes do Ministério Público Federal (MPF), da Defensoria Pública da União (DPU), Advocacia-Geral da União (AGU), além de Incra, Prefeitura Municipal de Monteiro, representantes das famílias assentadas e dos proprietários da terra.De acordo com o magistrado, o intuito da visita foi “realizar tratativas para resolução definitiva da insegurança quanto à posse do território”. Na oportunidade, foram vistoriados os imóveis construídos, as condições das antigas benfeitorias, bem como as plantações e áreas de criações de animais existentes.Cerca de 40 famílias investem recursos próprios e públicos por meio de financiamentos agrícolas para se manterem com independência produtiva no assentamento.Ministério Público FederalAs famílias assentadas nas terras foram ouvidas e demonstraram as atividades que desenvolvem na região. Na avaliação do Judiciário, o encontro com todas as partes interessadas no processo de desapropriação foi essencial para a solução do conflito.Conciliação e fim da intranquilidade social e jurídica Para a procuradora da República Janaina Andrade, que representou o MPF na inspeção judicial e nas duas sessões de audiência de conciliação desta semana, “a aplicação da justiça consensual possibilitou a resolução de causa complexa, já que se estava diante de um caso que existia da defesa da ordem jurídica, economicidade e ordem social”.A procuradora destaca que na área do Assentamento Xique-Xique “existem cerca de 40 famílias que investiram recursos próprios e públicos, também por meio de financiamentos agrícolas, para se manterem com independência produtiva. Na área se constatou criação de alevinos, caprinos, plantações de milho, palma, entre outras culturas”.“Reputamos de extrema importância o acordo, diante do impacto social que poderia ocorrer, já que pessoas que lá vivem, produzindo alimentos e criando animais, poderiam ser deslocadas para outras áreas, alterando o modo tradicional de vida destas famílias, que poderiam ir para periferias urbanas, como demonstram outros casos que não tiveram conciliação em conflitos agrários. Com a conciliação, os assentados terão segurança para investir nas suas terras, produzir mais e ter independência econômica”, acrescentou a procuradora.Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba