Autorização é para um dos três suspeitos presos na fronteira do Brasil com a Argentina, em junho. Homem é apontado como operador financeiro do esquema. Sede da Braiscompany, em Campina Grande
Ewerton Correia/TV Paraíba
Um dos ex-funcionários da empresa de criptoativos Braiscompany e suspeito de participar do esquema de golpe financeiro investigado na operação Halving vai ser extraditado da Argentina para o Brasil. O homem, apontado pela Polícia Federal como operador financeiro do esquema, foi preso em junho em Puerto Iguazú, na região da fronteira com Foz do Iguaçu, no Paraná. O acordo de extradição foi assinado na segunda-feira (4), conforme informações publicadas no site do Ministerio Público Fiscal (MPF) da Argentina.
O suspeito, cujo nome não foi divulgado, foi preso em 23 de junho, junto a outros dois ex-funcionários da Braiscompany. Os três estavam foragidos da Operação Halving, que investigou a empresa sediada em Campina Grande. As prisões aconteceram graças ao serviço de inteligência da Polícia Federal da Paraíba. Os outros dois suspeitos seguem detidos à disposição da Justiça argentina na cidade de Eldorado.
A primeira fase da Operação Halving aconteceu em fevereiro de 2023. A Braiscompany é suspeita de movimentar R$ 2 bilhões em criptoativos nos últimos 4 anos, além de crimes contra o mercado financeiro e lavagem de dinheiro. Antônio Neto Ais e Fabrícia Campos, sócios da empresa, seguem foragidos até esta quarta-feira (6).
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Divulgação/Polícia Federal
O pedido de extradição foi entregue pela Polícia Federal brasileira e pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região ao Ministério das Relações Exteriores da Argentina. No pedido, constavam detalhes da investigação que apontam o homem como operador financeiro do esquema, atuando como broker, o que permitiu que ele captasse e desviasse mais de R$ 4 milhões. Vídeos postados no canal do YouTube da Braiscompany em que ele aparecia divulgando as operações comerciais da empresa serviram como provas de que ele atuava na divulgação do esquema.
Desde a prisão, o suspeito e os outros dois detidos estavam à disposição do Juizado Federal e do MPF argentino na cidade de Eldorado. O processo de extradição aconteceu conforme previsto na Lei 24.767, de Cooperação Internacional em Matéria Penal, e no Tratado de Extradição assinado entre Brasil e Argentina.
Segundo o Ministerio Público Fiscal, as instituições que analisaram o pedido de extradição concluíram que as investigações que deram origem ao pedido de extradição apontam indícios de crimes, conforme as leis de ambos os países, que são puníveis com a prisão com duração maior do que dois anos. O acordo de extradição foi assinado pelo juiz titular do Juizado Federal de Eldorado, Miguel Ángel Guerrero.
O g1 tentou entrar em contato com o MPF e com a Polícia Federal do Brasil para saber quando o suspeito deve chegar ao país, mas não obteve resposta até às 7h30.
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Caso Braiscompany
A Braiscompany se envolveu em uma polêmica financeira com suspeita de atraso de pagamentos de locação de ativos digitais para clientes. Denúncias feitas nas redes sociais deram início ao caso, que desde o dia 6 de fevereiro passou a ser investigado também pelo Ministério Público da Paraíba.
Idealizada pelos sócios Antonio Neto Ais e Fabrícia Ais, a Braiscompany é especialista em gestão de ativos digitais e tecnologia blockchain. Os clientes convertiam seu dinheiro em ativos virtuais, que eram "alugados" para a companhia e ficavam sob gestão dela pelo período de um ano. Os rendimentos dos clientes representavam o pagamento pela "locação" dessas criptomoedas.
ilhares de campinenses, motivados pelo boca a boca entre parentes, amigos e conhecidos, investiram suas economias pessoais sob a promessa de um ganho financeiro ao redor de 8% ao mês. É uma taxa considerada irreal pelos padrões usuais do mercado.
Segundo a PF, nos últimos quatro anos, foram movimentados cerca de R$ 1,5 bilhão em criptomoedas, em contas vinculadas aos suspeitos, sócios da Braiscompany, que estão foragidos.
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