Ação do Ministério Público do Rio Grande do Norte foi deflagrada nesta terça-feira (14). Segundo investigadores, grupo lavou mais de R$ 23 milhões oriundos do tráfico. Operação do MP cumpre dezenas de mandados contra grupo suspeito de lavar dinheiro do tráfico de drogas.
MPRN/Divulgação
Uma operação deflagrada nesta terça-feira (14) pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) cumpriu sete mandados de prisão e outros 43 de busca e apreensão contra um grupo suspeito de lavar dinheiro do tráfico de drogas com compra de imóveis, fazendas, rebanhos e até igrejas.
A suspeita é que mais de R$ 23 milhões tenham sido movimentados.
A operação Plata cumpriu os mandados no Rio Grande do Norte, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Bahia, Ceará e Paraíba, e ainda no Distrito Federal.
De acordo com o MP, o esquema é liderado por um homem da região Seridó potiguar, identificado como Valdeci Alves dos Santos. Ele é apontado pelos investigadores como o segundo maior chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC) - facção criminosa que surgiu nos presídios paulistas e que tem atuação em todo o Brasil e em países vizinhos.
O esquema de lavagem de dinheiro já duraria mais de duas décadas, conforme o MP. Valdeci foi condenado pela Justiça de São Paulo e atualmente está preso na Penitenciária Federal de Brasília, onde foi cumprido novo mandado de prisão nesta terça-feira (14).
As investigações que culminaram na deflagração da operação Plata começaram em 2019, segundo o MP. Para os investigadores, o lucro dos criminosos com o tráfico era "lavado" - tornado com aparência de legal - com a compra de imóveis, fazendas, automóveis, abertura de mercados e até com o uso de igrejas.
No Rio Grande do Norte, Valdeci teria como braço-direito um irmão, Geraldo dos Santos Filho, que também já foi condenado pela Justiça por tráfico de drogas. Segundo o MP, esse irmão se identifica como Pastor Júnior e foi preso em 2019 em São Paulo com documento falso. Ele estava cumprindo a pena em regime semiaberto.
Segundo apurado pelo MP, Geraldo dos Santos Filho e a mulher dele abriram pelo menos sete igrejas evangélicas. A operação cumpriu mandados de busca e apreensão em algumas dessas igrejas.
MP cumpre mandado em igreja, durante a Operação Plata
MPRN/Divulgação
Laranjas
As investigações do MPRN apontam que os irmãos ocultaram e dissimularam a origem dos recursos por meio do uso de “laranjas” em várias regiões do país. O dinheiro era lavado com a compra de bens e animais em nome dessas pessoas - a maioria irmãos, filhos, cunhados e sobrinhos deles.
Além dos dois irmãos, a operação Plata cumpre mandados de prisão contra outras cinco pessoas, inclusive uma pessoa de confiança que atuava como “tesoureiro” do grupo criminoso no Rio Grande do Norte. Mais de 20 pessoas são investigadas.
A Justiça determinou o bloqueio e indisponibilidade de bens até o limite de R$ 23.417.243,37 relacionados a 28 contas bancárias dos suspeitos.
Além do bloqueio de contas bancárias, a Justiça também determinou o bloqueio de bens e imóveis, a indisponibilidade de veículos e a proibição da venda de rebanhos bovinos.
Ainda houve a retenção do passaporte de um dos filhos de Valdeci. Oito pessoas passarão a ter monitoramento eletrônico por meio de tornozeleira.
Cumprimento de mandados
Os mandados de prisão e de busca e apreensão estão sendo cumpridos nas cidades potiguares de Natal, Jardim de Piranhas, Parnamirim, Caicó, Assu e Messias Targino.
Houve ainda cumprimento de mandados nas cidades paulistas de São Paulo, Araçatuba, Itu, Sorocaba, Tremembé, Votorantim e Araçoiaba da Serra; em Brasília, Fortaleza, Balneário Camboriú/SC, Picuí/PB, Espinosa/MG e em Serra do Ramalho e Urandi, ambas na Bahia.
Todo o material apreendido será analisado pelo MPRN para apurar se há envolvimento de outras pessoas nos crimes. Valdeci dos Santos permanecerá preso na Penitenciária Federal de Brasília.
Os demais presos na operação Plata foram encaminhados ao sistema carcerário potiguar e estão à disposição da Justiça.
Apoio
Segundo o MP, a ação teve o apoio da Polícia Militar do RN e dos Ministérios Públicos de cada estado onde houve cumprimento de mandados, além do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Ao todo, participaram nacionalmente do cumprimento dos mandados 48 promotores de Justiça, 56 servidores e ainda 248 policiais.
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