Mais de 40 mil crianças e adolescentes perderam as mães no Brasil. Na Paraíba, 53 famílias orfãs participam do programa Paraíba que acolhe. Vitória Wanessa se tornou responsável legal dos irmãos adolescentes após morte da mãe por Covid.
Foto: Reprodução/TV Cabo Branco
A Covid-19 assustou o mundo inteiro e matou quase 700 mil pessoas no Brasil. Na Paraíba, o número de mortes passou de 10,5 mil. Segundo um estudo feito por pesquisadores da Fiocruz, nos dois primeiros anos da pandemia, 40.830 crianças perderam suas mães por Covid-19 no Brasil. Na Paraíba, por exemplo, o projeto "Paraíba que Acolhe" paga um auxílio financeiro e acompanha 53 famílias orfãs pela Covid-19. O valor do auxílio é de R$ 500 mensais, garantido até que a criança ou adolescente complete 18 anos. Com a morte dos pais, muitas famílias hoje têm os irmãos mais velhos como responsáveis pelos mais novos.
A paraibana Vitória Wanessa Gomes, dona de casa, perdeu a mãe, que contraiu o vírus quando estava viajando. Além de encarar o luto após 20 dias da internação da mãe, Vitória se tornou responsável legal pelos dois irmãos adolescentes. "No começo foi difícil se adaptar, mas como eu tinha muita proximidade com eles dois está dando certo", conta.
Mãe de Vitória Wanessa contraiu o vírus quando estava viajando e passou 20 dias internada com Covid-19.
Foto: Reprodução/TV Cabo Branco
Para Vitória Wanessa a principal preocupação é que os irmãos estudem e tenham um trabalho no futuro. Esforço esse que é reconhecido pelos mais novos. "Ela é tipo igual uma mãe. Sempre cuidou da gente quando minha mãe não estava presente", revela David Allan, de 14 anos.
De acordo com a pesquisadora da Fiocruz Célia Landmann, o Brasil é o sexto país em taxa de crianças que ficaram órfãs de mãe, pai ou cuidador. "Esses órfãos precisam de supervisão psicológica, precisam ser monitorados emocionalmente", informa.
Além dos problemas emocionais decorrentes da perda, a pesquisadora enfatiza que muitas famílias que perderam a principal provedora do sustento, podem estar sofrendo de insegurança alimentar e outros problemas financeiros.
"A criança precisa de um suporte emocional e financeiro. Ela precisa ser acolhida pela sociedade", diz a pesquisadora.
O estudo mostrou que o impacto da pandemia da Covid-19 na vida de crianças e adolescentes brasileiros exige a adoção de caráter de urgência de políticas públicas voltadas para proteção da infância.
Quem tem direito ao programa 'Paraíba que Acolhe'?
Filhos que ficaram órfãos em situação de orfandade bilateral (morte de ambos genitores, pelo menos um deles por Covid-19) e orfandade monoparental (quando a criança/adolescente era cuidada apenas por um dos genitores e este veio a falecer de Covid-19).
Nos dois casos, a criança deverá estar sendo cuidada pela família extensa (avós, tias, tios, irmãos mais velhos, etc.)
Como ter acesso ao programa?
É necessário procurar as Secretarias de Assistência Social dos municípios, por meio dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) da região.
Realizar o cadastro e enviar a documentação para avaliação, validação das informações e, consequentemente, a inclusão no Programa pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano (SEDH).
Covid-19 deixou filhos órfãos na Paraíba
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