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Acordo na Justiça põe fim a conflito agrário de mais de uma década no Cariri paraibano

Por PB Já em 22/06/2022 às 18:18:18
O valor da desapropriação, a ser pago pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), ainda não está definido. Cabe ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária apresentar a nova proposta de quantia a ser destinada.

Ministério Público Federal

A Justiça Federal na Paraíba (JFPB) realizou duas audiências de conciliação, na segunda (20) e terça-feira (21), que resultaram na resolução de um conflito agrário que perdurava desde 2010, em uma área rural localizada entre os municípios de Monteiro e Camalaú, no Cariri paraibano. No local, há cerca de 40 famílias assentadas. O acordo foi divulgado nesta quarta-feira (22).

A ação de desapropriação rural foi proposta pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para instituir o Assentamento Xique-Xique na propriedade denominada Moconha, originariamente pertencente à Tamoyo Frigoríficos Reunidos S/A. Ao final, a ação foi julgada improcedente.

O Ministério Público Federal esteve nessa segunda (20) e terça (21) no assentamento, na zona rural de Monteiro, no Cariri.

Ministério Público Federal

Após duas sessões de conciliação, ficou definido que o imóvel vai ter uma desapropriação indireta. “O acordo pacífico traz segurança jurídica para as famílias assentadas (Assentamento Xique-Xique), remanescendo apenas uma discussão quanto aos valores que serão pagos pela desapropriação”, explicou o juiz federal Fernando Porto, ao acrescentar que caberá ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária apresentar a nova proposta de quantia a ser destinada.

Inspeção judicial

As famílias assentadas nas terras foram ouvidas e demonstraram as atividades que desenvolvem na região.

Ministério Público Federal

Antes das audiências de conciliação, na última segunda-feira (20) foi realizada inspeção judicial na área da fazenda. Participaram do ato o juiz federal Fernando Porto, acompanhado por representantes do Ministério Público Federal (MPF), da Defensoria Pública da União (DPU), Advocacia-Geral da União (AGU), além de Incra, Prefeitura Municipal de Monteiro, representantes das famílias assentadas e dos proprietários da terra.

De acordo com o magistrado, o intuito da visita foi “realizar tratativas para resolução definitiva da insegurança quanto à posse do território”. Na oportunidade, foram vistoriados os imóveis construídos, as condições das antigas benfeitorias, bem como as plantações e áreas de criações de animais existentes.

Cerca de 40 famílias investem recursos próprios e públicos por meio de financiamentos agrícolas para se manterem com independência produtiva no assentamento.

Ministério Público Federal

As famílias assentadas nas terras foram ouvidas e demonstraram as atividades que desenvolvem na região. Na avaliação do Judiciário, o encontro com todas as partes interessadas no processo de desapropriação foi essencial para a solução do conflito.

Conciliação e fim da intranquilidade social e jurídica

Para a procuradora da República Janaina Andrade, que representou o MPF na inspeção judicial e nas duas sessões de audiência de conciliação desta semana, “a aplicação da justiça consensual possibilitou a resolução de causa complexa, já que se estava diante de um caso que existia da defesa da ordem jurídica, economicidade e ordem social”.

A procuradora destaca que na área do Assentamento Xique-Xique “existem cerca de 40 famílias que investiram recursos próprios e públicos, também por meio de financiamentos agrícolas, para se manterem com independência produtiva. Na área se constatou criação de alevinos, caprinos, plantações de milho, palma, entre outras culturas”.

“Reputamos de extrema importância o acordo, diante do impacto social que poderia ocorrer, já que pessoas que lá vivem, produzindo alimentos e criando animais, poderiam ser deslocadas para outras áreas, alterando o modo tradicional de vida destas famílias, que poderiam ir para periferias urbanas, como demonstram outros casos que não tiveram conciliação em conflitos agrários. Com a conciliação, os assentados terão segurança para investir nas suas terras, produzir mais e ter independência econômica”, acrescentou a procuradora.

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