Número é o maior por mês desde março e representa aumento de 50% em relação a junho. Profissional de saúde coleta amostra nasal para teste de Covid-19 em uma escola no Rio de Janeiro, no Brasil, em 7 de janeiro de 2022
Bruna Prado/AP
O Brasil registrou, em julho de 2022, 7.112 mortes pela Covid-19, o maior número desde março deste ano, quando mais de 10 mil mortes foram contabilizadas.
O número representa um aumento de 50% no número de mortes em relação a junho, quando 4.739 óbitos foram registrados. Também é o segundo mês consecutivo em que o número mensal de óbitos pela doença aumenta de um mês para outro.
Os dados foram apurados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias de Saúde do país.
Em entrevista ao g1 no mês passado, especialistas já apontavam que a tendência de aumento no número de mortes era esperada, por causa do aumento no número de casos que vem sendo visto no país: enquanto maio registrou pouco mais de 570 mil casos de Covid, junho teve mais de 1,3 milhão de casos.
Já julho viu quase 1,5 milhão de novas infecções, um aumento de quase 10% em relação a junho.
Ao mesmo tempo em que os números oficiais apontam o aumento dos casos, especialistas ouvidos pelo g1 também ponderaram que, hoje, é mais difícil fazer análises com esses dados, por causa dos autotestes.
Fiz o autoteste de Covid e deu positivo; o que devo fazer com o resultado?
"Principalmente a partir desse ano, como houve um aumento da proporção da população que tem acesso ao diagnóstico rápido, esse diagnóstico é feito em farmácia, que nem sempre notifica, e muitos testes estão sendo feitos pelo próprio indivíduo, pelo próprio paciente, e ele não notifica", observou o professor Eliseu Alves Waldman, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
Tendências nos casos
Em seu último boletim, divulgado em 28 de julho, a Fiocruz apontou que houve uma tendência de queda nos casos de SRAG (síndrome respiratória aguda grave) nas seis semanas anteriores a 23 de julho.
A maioria dos estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste teve interrupção do aumento de casos que havia começado em abril, com alguns já apresentando sinais de queda nos casos: Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Já alguns estados do Norte e do Nordeste mantiveram, nesse período, a tendência de aumento nos casos: Amazonas, Amapá, Bahia, Maranhão, Pará, Piauí, Rondônia, Sergipe e Tocantins.
Para Eliseu Waldman, da USP, o aumento nos casos nos últimos meses deveu-se, principalmente, à sazonalidade – a chegada do outono e do inverno traz o aumento da circulação de vírus respiratórios, como o Sars-CoV-2 – e, também, à retomada de eventos sociais com aglomerações e sem o uso da máscara.
"Acho normal que deixasse de ser recomendado o uso de máscara na rua. Mas devia ser mantido, mesmo na rua, quando tem aglomeração, e em ambiente fechado. E manter os mesmos cuidados de distanciamento e de higiene de mãos. Acho que isso foi praticamente abandonado", ponderou.
"Festas juninas voltaram e as atividades sociais, festas, casamentos, voltaram sem cuidados aparentes. Isso contribui, além da sazonalidade, para intensificar um pouco mais a atual onda. Nós temos que nos convencer que vamos ter que continuar tendo cuidado por um bom tempo", avaliou Waldman.
No mês passado, o epidemiologista também levantou a hipótese de uma fase endêmica da Covid-19: a previsão dele foi de um aumento de casos até o final de julho e, a partir do fim deste mês, uma diminuição.
"Se não tivermos nenhuma variante com grande capacidade de infecção e de causar formas mais graves, a gente deve voltar a ter outro pico no inverno do ano que vem. Isso é uma hipótese", afirmou.